Quem assistiu aos filmes do Rocky se lembra deste rosto, le ai uma materia falando do cara, foda.
Após 11 anos afastado dos ringues, o norte-americano Tommy Morrison, 38, voltou a competir nesta quinta-feira com uma vitória sobre John Castle, obtida no segundo assalto com um gancho de esquerda, um de seus principais golpes.
O resultado da luta não chega a impressionar, já que Castle perdeu o último combate no primeiro set e, agora, tem apenas sete lutas em seu cartel. O que chama a atenção é o retorno, ainda que de forma amadora, de Morrison, que tem o impressionante retrospecto de 47 vitórias, apenas três derrotas e um empate na carreira.Também de "The Duke", Morrison chegou a ser considerado por muitos como "top" na década de 90. Além dos bons resultados, como as vitórias sobre George Foreman, Razon Ruddock e Lennox Lewis, ele chamava a atenção pelo poderoso golpe de esquerda. Mais do que isso, seu biótipo era uma espécie de novidade para os pesos pesados, já que poucos "loiros altos e bonitões" tinham sucesso no boxe.Em 1990, ele invadiu as telas de cinema no papel de Tommy "Machine" Gunn, o "vilão" de "Rocky V", quinto filme da saga de Rocky Balboa, personagem célebre de Sylvester Stallone."The Duke" vivia um conto de fadas, impulsionado pelos resultados expressivos no ringue e pela fama fora do mundo do boxe. Tudo isso chamou a atenção do polêmico promotor Don King, que em 1996 o chamou para um combate contra Mike Tyson. A bolsa era de US$ 4 milhões.Em fevereiro do mesmo ano, antes de enfrentar o campeão, a carreira de Morrison ruiu. Ás vésperas de encarar Tyson, ele tinha uma luta marcada em Las Vegas contra Stormy Weathers, mas se recusou a fazer um exame de sangue, procedimento padrâo para combater no Estado de Nevada. Um dia depois, se submeteu ao teste. Poucas horas antes de entrar no ringue, surgiu a notícia bombástica de que a luta não aconteceria. O motivo: o teste de sangue deu positivo para o vírus HIV, causador da Aids.
Morrison lutaria apenas mais uma vez como profissional, no dia 3 de novembro de 1996, derrotando o desconhecido Marcus Rhode por nocaute no primeiro assalto. Depois disso, nunca mais subiu ao ringue até a noite desta quinta-feira."A vida fica terrivelmente silenciosa quando você se aposenta", disse Morrison, antes da volta ao boxe. "Minha vida começou a ficar fora de controle."Perdeu a mulher, o contato com os filhos, a mansão onde morava e boa parte dos US$ 16 milhões que ganhou nos ringues. Foi duas vezes preso por dirigir embriagado, uma delas, minutos depois de dar uma palestra sobre Aids a estudantes do colegial. Depois, foi julgado e pegou dois anos de prisão no Arkansas após aceitar a culpa em posse de cocaína e armas de fogo. No meio de tudo isso, com a saúde debilitada pelo uso de drogas, foi várias vezes hospitalizado.Os anos se passaram, e só agora Morrison conseguiu reencontrar os eixos de sua vida. Ele se diz livre das drogas e, mais ainda, do HIV, depois de fazer uma série de testes, que agora deram negativo."Fizemos todos os testes que há no mercado, e até os que não há no mercado", disse o lutador. "Isso me diz que (o vírus) nunca esteve lá. Acho que foi apenas um diagnóstico equivocado. As pessoas cometem erros", comentou.No entanto, o médico Jeff Kirchner, especialista do American Academy of HIV Medicine, uma das referências no tratamento e combate a Aids, disse que, quando uma pessoa testa positivo uma vez, ela tem o diagnóstico positivo por toda a vida.Para Kirchner, o caso de Morrison é semelhante ao de Magic Johnson, estrela do basquete e uma das referências da NBA. Ambos tomam uma série de medicamentos contra o HIV. O tratamento teve sucesso, e a presença do vírus foi regredindo. Em casos assim, o médico acredita que as pessoas possam praticar esportes em alto nível. "Se não se consegue detectar o nível do vírus, o risco de passá-lo para outra pessoa é perto do zero."
makeFooter('');
Nenhum comentário:
Postar um comentário